quinta-feira, 21 de julho de 2011

USO DE TINTURA DE CABELO E ALISANTES, NO PRIMEIRO TRIMESTRE DE GESTAÇÃO PODE AUMENTAR O RISCO DE LEUCEMIA EM LACTENTE.

    Pesquisa importante e pioneira no Brasil, revela o risco que a mães correm ao utilizarem colorantes para os cabelos e alisantes durante os primeiros meses de gravidez, o que pode levar ao aumento de risco de leucemia em seus filhos na primeira infância. A pequisa foi realizada pela Fiocruz com a colaboração do Instituto Nacional do Câncer - INCA e da Escola Nacional de saúde Pública - ENSP, sendo dissertação de Mestrado do Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da ENSP, e seu autor, o biólogo Arnaldo Couto,  foi  premiado pela Sociedade Brasileira de Cosmetologia -SBC, durante o XVII Congresso Brasileiro de Toxicologia, realizado em Ribeirão Preto/SP, como o melhor estudo na área de Cosmetotoxicologia. 
     Veja abaixo, com formatção desse autor,  uma resenha do trabalho publicado no site da FIOCRUZ, em 13 de julho de 2011.

O USO DE TINTURA DE CABELO E ALISANTES DURANTE O PRIMEIRO TRIMESTRE DE GESTAÇÃO E O AUMENTO DO RISCO DE DESENVOLVER LEUCEMIA EM LACTENTE.

O biólogo Arnaldo Couto, Em sua dissertação de mestrado no Programa de Saúde Pública e Meio Ambiente da Escola Nacional de Saúde PublicaENSP, em conjunto com o Instituto Nacional do Câncer – INCA, analisou uma possível associação entre o uso de produtos de tintura e alisamento de cabelo durante a gravidez e o desenvolvimento de leucemia aguda em menores de dois anos.
O estudo revelou evidências sugestivas entre a relação do uso de produtos de tintura e alisamento de cabelo durante a gravidez  em seu período inicial e o desenvolvimento de leucemia aguda em lactente, com uma estimativa de risco duas a três vezes mais elevada em gestantes que se expuseram àqueles cosméticos durante o 1º e 2º trimestres da gravidez.
Exposição parental à tinturas e produtos de alisamento de cabelo e leucemias agudas em lactentes foi o título da dissertação, premiada pela Sociedade Brasileira de Cosmetologia como o melhor estudo na área de Cosmetotoxicologia, durante o XVII Congresso Brasileiro de Toxicologia realizado em Ribeirão Preto/SP. O estudo foi orientado pelo pesquisador da ENSP e coordenador da Pós-Graduação em Saúde Pública e Meio Ambiente (SPMA), Sergio Koifman, e pela pesquisadora do Instituto Nacional do Câncer Maria do Socorro Pombo-de-Oliveira. Também contou também com a colaboração acadêmica de Jeniffer Dantas Ferreira e Ana Cristina Rosa, ambas alunas do doutorado em SPMA da ENSP.
A dissertação é um estudo de caso-controle de base hospitalar, realizado em nível nacional, que recrutou os casos e controles de todas as regiões do Brasil, exceto a região Norte. Os participantes foram constituídos por crianças menores de 2 anos, tendo os casos o diagnóstico de leucemia aguda estabelecido pelos métodos morfológico, imunofenotípico e moleculares; e os controles foram selecionados entre crianças hospitalizadas nas mesmas regiões de proveniência dos casos, tendo a mesma faixa etária e em tratamento para doenças não neoplásicas. (*) Em relação às mães dos casos e controles, estas foram entrevistadas, obtendo-se informações padronizadas sobre o perfil socioeconômico da família, história ocupacional dos pais e hábitos de vida e de saúde da família, incluindo a exposição à tinturas/alisamentos de cabelo no período preconcepcional, na gestação e durante a lactação.
Estudos de efeitos tóxicos de tinturas são realizados no mundo inteiro, com resultados contraditórios, mas esse estudo feito com crianças torna-se pioneiro por analisar a exposição de leucemias em lactantes, especialmente quando ocorre durante os primeiros meses de gestação. Pesquisas anteriores, dede os anos 70, eram realizadas com pessoas de mais idade, quando surgiam os cabelos brancos, o que difere muito da atualidade quando o uso de produtos para coloração de cabelos inicia-se de forma precoce já mesmo na adolescência.
De acordo com Arnaldo Couto, foram realizadas análises três meses antes da gravidez, durante a própria gestação, que foi dividida em três trimestres, e três meses após o parto. Além disso, os dois principais tipos de leucemias na infância são: a leucemia linfóide aguda (LLA) e a leucemia mielóide aguda (LMA), sendo a LLA a mais frequente (75% dos casos pediátricos).
O dados encontrados foram significativos, demonstrando um aumento na estimativa de risco durante o primeiro trimestre da gestação, em torno de 70% . para a Leucemia Linfóide Aguda – LLA foi constatado um aumento da estimativa de risco de 80%, para mães que confirmaram o uso de tinturas e alisantes de cabelos durante o primeiro e o segundo trimestre da gravidez.
A relação desses produtos no caso dos lactantes (crianças amamentando), observou-se um aumento do risco de Leucemia Mielóide Aguda – LMA,  2,59 vezes maior, para mulheres que fizeram uso desses produtos para cabelos.
Ainda segundo Arnaldo, que atualmente é aluno de doutorado do Programa de Saúde Publica e Meio Ambiente da ENSP, o estudo analisou as marcas comerciais de produtos para tintura de cabelo e realizou uma estimativa do risco a partir dos compostos químicos neles presentes. "Observamos uma diversidade de produtos, com cerca de 150 compostos diferentes nas tinturas. Destes, aproximadamente 32 apresentaram aumento na estimativa de risco." (*) Por conta disso, o trabalho alerta para uma maior fiscalização dos órgãos de vigilância sobre esses produtos cosméticos.  (*)
O trabalho conclui a importância do órgãos de fiscalização e controle de cosméticos ficarem atentos aos produtos do mercado, bem como de alertarem a população para a composição dos mesmos, ressaltando a possibilidade aumentada de ocorrência de leucemia no lactente quando as mães são expostas á toxidade desses produtos. O trabalho sugere ainda que haja um aumento na estimativa de risco, e isso revela a importância das agências reguladoras verificarem a composição química dos produtos, já que algumas substâncias presentes já são definidas como cancerígenas. Esses fatos necessitam ser claramente explicados para a sociedade."
(*) Os grifos do texto foram por nós adicionados.
Fonte:
ENSP, publicada em 13/07/2011
Filipe Leonel
Fiocruz : http://www.fiocruz.br/   

2 comentários:

  1. olá.
    estou com 3 semanas e fiz um alisamento e luzes quando estava com 2 semanas(não sabia da gestação) minha pergunta é.
    Qual os danos para o meu bebê ?
    att
    wika

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  2. O mais importante é a conscientização pelo usuário desses produtos da potencial toxidade de algumas substâncias de sua composição para o organismo de modo geral, como no caso do formol em alisamentos, e em especial, no caso das gestantes para o futuro bebê.Como toda exposição a drogas, o que importa é a dosagem, ou seja, quanto maior a dosagem-exposição, maior o risco. No seu caso, se foi uma única sessão, possivelmente não haverá prejuízos ao futuro ser. Entretanto, convém nesses primeiros meses de gravidez, em que o feto está se formando, evitar contato com qualquer material potencialmente tóxico, pelo menos até o 4º ou 5º mês de gestação.
    Saudações!
    slrm

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