domingo, 26 de agosto de 2012

MACONHA: EXTENSO ESTUDO CIENTÍFICO MOSTRA QUE FUMAR MACONHA NÃO É SAUDÁVEL E PODE CONDUZIR A DANOS VARIADOS Á PSIQUE.


REVISÃO DE LITERATURA CIENTÍFICA ATUAL SOBRE OS EFEITOS DO CONSUMO DE CANNABIS (MACONHA) NO CÉREBRO.


Recente estudo de revisão de literatura científica, com dados atualizados, abrangendo distintos campos como psicologia clínica, neurobiologia e neuroimagem, traz informações concretas que demonstram os efeitos e consequências do uso de Cannabis Sativa Lineu, vulgarmente conhecida como maconha, que contrariamente às divulgações propagadas, dão prova de ser nociva á saúde mental dos usuários.
O trabalho tem autoria da Dra. Sofía Tzírak, mestre em psicopatologia, saúde e neuropsicologia, do Departamento de Psicologia Básica, Clínica e Psicobiologia, da Faculdade de Ciências Humanas e Sociais, da Universidade Jaume I, Castelló, Espanha.
A íntegra do trabalho foi publicado na Revista de Neurologia – 2012; 54: 750-60, sob o título: “Tziraki S. Trastornos mentales y afectación neuropsicológica relacionados con el uso crónico de cannabis”  .
Segundo o estudo todas as evidências indicam que o uso crônico ou prolongado de cannabis pode ser prejudicial para a saúde mental, com elevado risco de aparecimento de sintomas psicóticos em pessoas com predisposição, maior para os consumidores frequentes. Os achados mostram que a presença de sintomas depressivos e de ansiedade são menos consistentes e que nas funções cognitivo e de conduta as áreas mais afetadas são a atenção e a execução.
A dependência de cannabis se descreve no DMM –IV -TR, como um padrão de consumo compulsivo de abundantes quantidades dessa droga, durante meses ou anos, com tolerância a muitos dos efeitos da substância em consumidores crônicos  e também com alguns leves sintomas de abstinência com significado clínico incerto.
O abuso se dá quando um padrão desadaptativo de consumo leva a um deterioramento da atividade ocupacional e social, ou mal estar clinicamente significativo por um período de 12 meses.
A Associação Americana de Psiquiatria, afirma com base em dados estatísticos de 1994, que 10 % do consumidores de marihuana cumpre os critérios para dependência dessa substância.
A Organização Mundial de Saúde, em 1997, prediz que 50% dos consumidores diários terminarão por tornarem-se dependentes.
Kalant, corrobora que a dependência física e de conduta de cannabis ocorre entre 7 a 10% dos consumidores regulares e que o início do uso em idades jovens predispõem a uma futura dependência.
Segundo Gruber e Pope, o uso diário e crônico pode produzir deterioramento das funções sociais e ocupacionais, e a intoxicação crônica se associa a um aumento  de condutas de risco como resultado da desinibição (falta de controle dos impulsos).
A tolerância e a dependência da cannabis se explicam neurobiologicamente pela neuroadaptação produzida pelo uso prolongado.
A sobrestimulação dos receptores canabinóides (rCB) pelo Δ9-tetrahidrocannabinol (THC), conduz a modificações da atividade celular das estruturas onde encontram-se esses receptores e assim estabelecem novos padrões de funcionamento.  Por outro lado a administração de  THC  da lugar a um aumento na concentração de dopamina na área tegmental ventral e no núcleo accumbens (NAc)  que implica na via mesolímbica- mesocortical responsável pela adição a substâncias psicoativas, provavelmente por inibição da neurotransmissão de ácido γ- aminobutírico (GABA) de forma a criar um reforço positivo. Além disso, a administração repetida por longo prazo pode produzir o fenômeno da hipofrontalidade que conduz ao estabelecimento de hábito tóxico por redução de dopamina no córtex prefrontal (CPF).
As alterações no lobo prefrontal podem dispor a perda da capacidade para controlar a execução de tarefas, surgindo condutas de impulsividade, persistência, reiteração e falta de extinção da conduta, como manifestações de hipofrontalidade. No caso da impulsividade trata-se concretamente no problema de retardar as recompensas, que se explicaria pela repetição incontrolada da administração da droga apesar das circunstâncias e das consequências, tal como observado no abuso.
Em conjunto esses dados servem pra demonstrar porque o consumidor crônico de cannabis continua utilizando a droga apesar da falta de dependência física forte.
Segundo as fontes bibliográficas o hábito tóxico e as recaídas são importantes para o desenvolvimento de certa predisposição para o inicio de transtornos psiquiátricos  como a esquizofrenia e a ansiedade. Além disso, considera-se que o abuso de cannabis pode dar lugar a sintomatologia neuropsicológica detectável mediante testes de atenção, verbais e de memória visoespacial, que inclusive, persistem durante um tempo prolongado mesmo após o abandono do consumo.

TRANSTORNOS MENTAIS INDUZIDOS POR CANNABIS.
 
A utilização de cannabis em doses altas diariamente produz efeitos na esfera mental que iniciam por moderada ansiedade e depressão, podendo chegar a crises de angústia e ideação paranóide, com idéias delirantes  ou alucinações, com despersonalização e perda da realidade.
O Transtorno psicótico é, aparentemente, pouco frequente e sua expressão assemelha-se a um episódio agudo de esquizofrenia paranóide que se dá somente com o estado de intoxicação ou no mês seguinte a intoxicação ou abstinência do uso de cannabis. O  critério diagnóstico principal é a presença de idéias delirantes ou alucinações , denominados psicose canábica ou alucinação canábica respectivamente. Ansiedade, labilidade afetiva, despersonalização e amnésia posterior ao episódio são sintomas associados com estes transtornos. Em indivíduos predispostos, estes transtornos podem levar ao prognóstico de uma reação psicótica persistente, mesmo que normalmente ocorra remissão em poucos dias.
Estudos específicos tem observado nos consumidores de cannabis traços de esquizotipia e déficits atencionais similares aos que se apresentam na fase aguda da esquizofrenia, ocasionados pelo consumo. Existem evidências que o uso crônico da droga duplica o risco de aparição de sintomas psicóticos e de esquizofrenia. Em algumas fontes bibliográficas e conjectura que a possibilidade de desenvolver esquizofrenia em consumidores de cannabis pode ser até seis vezes mais alta que em não consumidores.
Não obstante, De Lisi, assinala que a bibliografia oferece evidências pouco firmes de que a cannabis por si mesma possa levar a esquizofrenia como enfermidade crônica. Parece mais provável o desenvolvimento de um episódio psicótico transitório em pessoas com certa predisposição. No cérebro de sujeitos predispostos a esquizofrenia apresenta certas anormalidades estruturais e funcionais sobre as quais o THC exerce seus efeitos, de maneira que aumenta a possibilidade de desencadear uma reação psicótica.
Outros autores observam que o uso de cannabis é um fator de risco para a exacerbação de sintomas psicóticos em pessoas que já mostram um quadro de sintomatologia positiva que inclui pensamento não usual, desorganização conceitual, anormalidades perceptivas, suspeições (desconfiança imotivada), manias de grandeza, ou que tenham apresentado uma breve síndrome psicótica intermitente.
Um estudo de metanálise para estabelecer a medida em que o consumo de cannabis, entre outras substâncias psicoativas, afeta a idade de início da psicose, mostrou que a enfermidade nos consumidores de cannabis pode apresentar-se 2,7 anos mais cedo que nos outros consumidores. Em troca, o restante das substância estudadas não parece influir na idade de inicio da enfermidade psicótica. Estes resultados proporcionam evidência de que o consumo de cannabis pode ter um papel precipitante no desenvolvimento de psicose em algumas pessoas.
Além da predisposição à psicose, outro fator importante parece ser a cronicidade do consumo. Um estudo de coorte prospectivo analisou o registro de apresentação de  sintomatologia psicótica  em relação com a duração do consumo de cannabis em jovens adultos, e os resultados  indicam uma correlação positiva entre ambas. Concretamente os participantes que haviam consumido a droga durante seis ou mais anos a partir do primeiro uso apresentavam um risco de psicose não afetiva e alucinações significativamente aumentados.
Com a utilização da droga em idades cada vez mais jovens os pesquisadores e cientistas tem concentrado seus esforços nos estudos sobre os efeitos da cannabis nos cérebros de adolescentes. Parolaro resume que o consumo constitui um fator de risco para o aparecimentos de sintomas psicóticos e esquizofrenia e que as características do cérebro de adolescentes, em desenvolvimento, faz com que os jovens nessas idades sejam mais vulneráveis aos efeitos do THC.
No que diz respeito com o sistema endocannabinoide (SEC), o consumo de cannabis e a esquizofrenia parecem mostrar-se independentes. Em pessoas com esquizofrenia, independentemente de estarem ou não consumindo cannabis, aparece um aumento de rCB1 na área 9 de Brodmann, tanto que nos consumidores de cannabis sem relação com o diagnóstico psiquiátrico e incremento dos  rCB1se localiza na área do núcleo caudado e putamen, que são estruturas do estriado, relacionado com certos aspectos da esquizofrenia. Isso significa que se mantém aberta a possibilidade de que o THC caise transtornos psicóticos específicos, inclusive sem necessidade de predisposição do consumidor à psicose.
Outros estudos com neuroimagem mostram que o consumo prolongado de cannabis poderia ser responsável por uma diminuição no volume cerebral por perda de neurônios inibitórios - (A estimulação de neurônios inibitórios libera moléculas de neurotransmissor, tais como o ácido y-aminobutírico (GABA) ou glicina, o qual se liga a receptores na membrana da célula pós-sináptica. Isso redunda em aumento transitório na permeabilidade a certos íons específicos, como potássio e cloreto) - sobretudo na zona do neocortex implicada nos sintomas psicóticos. Em sujeitos com  esquizofrenia, consumidores e não consumidores de cannabis, apresenta-se uma carência de normalidade neuronal gabaérgica na região do córtex cingulado anterior (CCA), Córtex prefrontal dorsolateral e córtex motora e visual primárias. Se pensa que tal mecanismo inibitório é essencial pra o funcionamento cognitivo normal e, portanto, seu déficit daria lugar a disfunção cognitiva observada na esquizofrenia. Rais e alunos documentaram essa diminuição progressiva da substância cinzenta no neocórtex  evidenciada na esquizofrenia e duplicada em pacientes que consomem cannabis.
Embasados nestes achados, Eggan e lewis replicaram a localização dos rCB em neurônios inibitórios e mostraram que a ativação dos CB1 levam a uma redução de GABA e consequentemente, a  diminuição de sua ação inibitória no córtex cerebral. Em situações normais, a inibição produzida pelo GABA sustem o funcionamento cognitivo ajudando os neurônios a adaptar-se para responder apenas aos estímulos de interesse, retardando respostas a material de distração. Com o consumo de maconha a perda de inibição devido à redução de GABA dá origem a uma hiperativação em regiões sensoriais e límbicas, que, no que diz respeito ao comportamento é expresso com distração e incapacidade de distinguir entre estímulos internos e externos. Considera-se que a longo prazo, estes mecanismos neurobiológicos, e a resultante de distração  MRIF e a dificuldade de distinguir a origem dos estímulos formam a base de ocorrências de alucinações e outras formas de deterioração do pensamento.
Estudos adicionais confirmam o efeito neuroprotetor da a ativação do rCB em condições normais e sugerem que a exposição crônica aos canabinóides dessensibiliza os rCB1 32,33, fazendo com que não possam proteger mais os neurônios  contra o estresse por incremento da excitação, o que provoca o fenômeno de toxidade excitatória. Esse fenômeno se caracteriza por perdas de funções neuronais como a síntese de neurotransmissores inibitórios, perda de dendritos, e finalmente, morte neuronal. Sobre tudo, o efeito na síntese de neurotransmissores inibitórios;  que causa a desregulação  da neurotransmissão e dos neurotransmissores excitatórios;   justificaria ao aparecimento de sintomatologia psicótica por consumo de cannabis a longo prazo. Um dado muito interessante, proveniente do campo da genética, pode ajudar a explicar quando é mais provável que o consumo de cannabis dê lugar a uma reação psicótica: A enzima catecol-O-metiltransferase metaboliza a dopamina, particularmente no CPF, que está implicado com a sintomatologia psicótica. A atividade baixa da catecol-O-metiltransferase, provavelmente provocada por uma alteração genética, conduz ao aumento de dopamina que potencia os efeitos do THC, o que pode causar uma reação psicótica. Isto significa que a vulnerabilidade genética, ou predisposição, é a chave que determinará se um consumidor de cannabis desenvolverá ou não uma psicose.
TRANSTORNO DE ANSIEDADE.
O diagnóstico do transtorno (F.12.8) requer um predomínio do sintoma de ansiedade ou de uma crise de pânico, obsessões, compulsões ou sintomas fóbicos, durante a intoxicação ou no primeiro mês seguinte, com mal estar clinicamente significativo ou deterioração social, ocupacional ou de outro tipo na vida do indivíduo. Como o demais transtornos induzidos por cannabis, este também se deve estabelecer unicamente quando os sintomas são claramente excessivos em comparação com o que caberia esperar de uma intoxicação e quando são de suficiente gravidade para merecer atenção clínica independente. Estudos estatísticos associam o uso diário de cannabis em mulheres jovens, de apresentar ansiedade ou depressão mais de cinco vezes maior que nas mulheres não consumidoras, e se sugere que o uso frequente em adolescentes duplica o risco de aparecimento de ansiedade ou depressão mais tardiamente na  vida. A história de dependência está ligada concretamente com um incremento do risco de aparecimento de crises de pânico e com o início de crises significativamente mais cedo em pessoas que consomem a droga (19 anos), comparativamente com as que não consomem (27,6 anos).
Por outro lado, também se tem descrito associações pouco significativas entre o uso de cannabis e os transtornos de ansiedade, ao tempo que se detecta um ligeiro aumento do risco de um primeiro episódio depressivo maior (odds ratio, oR = 1,62; intervalo de confiança de 95% = 1,06 -2,48) e um aumento mais significativo do risco de um primeiro transtorno bipolar (OR= 4,98; IC 95% = 1,80 – 13,81), por uso semanal e quase diário de cannabis.
Definitivamente parece complicado determinar se o abuso de cannabis pode criar transtornos de ansiedade ou se a automedicação com o consumo da droga pode aliviar um transtorno desse tipo já pré-existente. Nessa linha, seria necessário investigar mais esses dois fenômenos e documentar os potenciais mecanismos subjacentes mediantes estudos longitudinais prospectivos com emprego de métodos de neuroimagem e também retrospectivos. A aparição de ansiedade no estado de intoxicação se explica entendendo o THC como estressor químico. Como já se conhece, o estresse agudo está associado com a ativação mesolimbico-cortical. Tendo isso em conta,  a presença abundante de rCB1 nas estruturas límbicas como o núcleo paraventricular  do hipotálamo e o núcleo central da amígdala, se pode inferir que a administração aguda de THC pode desencadear uma resposta comportamental similar ao estresse, devido ao fato da sua captação pelos rCB1 dessas regiões  facilitar a liberação do hormônio adrenocorticotrófico  implicado na ansiedade.
Marco e Viveros propõem que o SEC tem um papel no controle da homeostase emocional, dado que muitos rCB1 se encontram nas regiões cerebrais relacionadas com a regulação das emoções e dos estados de ansiedade (amígdala, hipocampo, áreas mesocorticais...), e resumem um perfil de ação da cannabis e derivados bifásicos: em animais as doses baixas podem produzir efeitos ansiolíticos, enquanto as doses altas induzem efeitos do tipo ansiogêncio por bloqueio farmacológico dos rCB1. Extrapolando para o ser humano, também as reações ao THC variam desde o relaxamento até o pânico. Também, Marsicano e alunos indicam que a implicação do SEC na extinção de memórias aversivas  através da modulação da neurotransmissão gabaérgica na amígdala. O conjunto destes dados é sugestivo da importância desse sistema e sua ativação pelo THC nos aspectos relacionados com a ansiedade (fobias, estresses, etc.).
INVESTIGAÇÃO SOBRE OUTROS TRANSTORNOS.
Sendo que certos sintomas dos transtornos afetivos podem sobrepor-se com os de ansiedade ou podem ocorrer em um quadro clínico de psicose, se estuda também a relação da cannabis com este tipo de transtorno como o bipolar e a depressão, que atualmente não estão incluídos no DSM-IV TR como transtornos induzidos por cannabis. Os resultados de um recente estudo longitudinal indicam que certas condições psicopatológicas (incluindo a depressão e o transtorno bipolar, e, em menor grau, o transtorno por ansiedade) guardam uma relação com o uso de cannabis  e sua progressão para transtornos por consumo (dependência e abuso). Recordamos também que Van Laar e alunos concluem em uma associação não significativa entre o uso de cannabis e transtornos de ansiedade, enquanto detectam uma associação importante entre o uso da droga e o risco de um primeiro episódio depressivo maior ou de um transtorno bipolar. Um estudo Croos-site muito recente observa uma estatisticamente robusta associação entre inicio precoce de consumo de cannabis e o aparecimento de sinais de depressão posteriormente na vida do consumidor, sem diferenças de sexo significativas. Além do mais, a taxa de suicídio em consumidores de cannabis é de duas a quatro vezes maior que dos transtornos afetivos não induzidos por cannabis, dado um tanto surpreendente. Bambico e alunos mostraram que a administração de doses baixas de canabinoides sintéticos, agonistas dos rCB1, produzem em  roedores um efeito antidepressivo que potencializa a neurotransmissão de serotonina (5-HT) na CPF ventromedial, e ao contrário, as doses altas provocam efeitos inversos na conduta e anulam a neurotransmissão de 5-HT por meio de algum mecanismo que não envolve os rCB1. Este achado é sugestivo da implicação do SEC na etiologia da depressão, mesmo não associada diretamente com o uso de cannabis no contexto desse estudo.
Degenhardt e alunos estudaram a associação do uso de cannabis, álcool e tabaco com o uso de outras dorgas e com transtornos mentais. Os resultados referem que a cannabis e o tabaco se correlacionam com aumentadas taxas de transtornos mentais, embora a cannabis de forma concreta não se mostrou significativamente associada com transtornos de ansiedade nem afetivos, de forma igual ao álcool. Os três tipos de droga estão associados com uma alta probabilidade de uso de outras substâncias, embora a cannabis apresente associação mais forte.
AFETAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA ASSOCIADA À CANNABIS.
Na biografia associada com o abuso de cannabis se refletem os resultados de numerosos estudos que vêm demonstrar que esta produz alterações cognitivas, psicomotoras e de conduta em ausência de outros transtornos psiquiátricos que explicariam essa sintomatologia. Podemos distinguir dois tipos  de influência da cannabis sobre estas funções: um efeito agudo, que se refere a mudanças imediatas e transitórias, e um efeito crônico adicional. Este  segundo depende da continuidade do hábito de consumir no transcurso de tempo, a quantidade consumida, a frequencia do uso e a capacidade cognitiva original da pessoa, e se refere ao impacto acumulativo do THC. Este impacto sobre as funções cognitivas e da conduta se ratifica mediante a aplicação de provas neuropsicológicas, e já se tem descrito um perfil funcional do consumidor crônico.
FUNÇÕES COGNITIVAS.
Um estudo de metanálise dos efeitos neurocognitivos nos casos agudos de cannabis em pessoas adultas proporciona dados sobre o rendimento de consumidores crônicos e controles, em tarefas de medição de tempo de reação, atenção, linguagem, abstração e funções executivas, habilidades motoras e perceptivas, aprendizagem e memória. Os resultados finais indicam muito baixa afetação a longo prazo das funções cognitivas estudadas; o aprendizado de novas informações e a memória são as mais afetadas. Sem dúvida, outros trabalhos de revisão e experimentais expõem evidências de uma afetação significativa das funções cognitivas por uso de cannabis a longo prazo. Como já se conhece, um indicio de alteração na atividade do cérebro são as mudanças de perfusão que, por sua vez, podem dar lugar a alterações cognitivas de diversa gravidade. Tem-se encontrado que o abuso de cannabis produz hipoperfusão em algumas regiões do cérebro de fumantes assíduos, sobretudo no cerebelo posterior. Tendo em vista que o cerebelo está associado com um sistema interior de cronometragem, este achado é congruente com as alterações na percepção de tempo comuns ao consumidor de cannabis. Além do mais, aparte do que se falou sobre o cerebelo, principalmente em relação com o controle de movimentos, existem evidências recentes que indicam seu papel na memória, atenção e outras habilidades mentais. Tomando como base estes dados, sugere-se que a hipoperfusão cerebelar posterior, por uso prolongado de cannabis, pode dar lugar a uma afetação da memória em consumidores frequentes. A implicação do cerebelo se replica entre estudos, assim como a afetação das funções mnésicas e de atencionais, se adicionam evidências de alterações nos padrões de ativação de diversas áreas prefrontais, temporais e subcorticais  (amígdala e hipocampo) relacionadas com essas funções.
Ao contrário, outro estudo detecta uma significativa hiperperfusão cerebral por consumo de cannabis, inclusive depois de um mês de abstinência, possivelmente devido ao estreitamento do calibre dos vasos sanguíneos cerebrais. O fenômeno do estreitamento é mais notável nos fumadores de grandes quantidades e parece ser irreversível em comparação com os consumidores moderados ou de pouca quantidade, inclusive após um mês de abstinência.  Talvez isso possa constituir a explicação para os problemas de pensamento/concentração e de memória presentes nos consumidores crônicos de cannabis. A persistência das alterações cerebrais quando se dá um consumo elevado e prolongado, já havia sido encontrada em um estudo neurofisiológico de caso único em 1995. O sujeito, fumador diário de cannabis durante 18 anos, tinha dificuldade de filtrar a informação irrelevante para conseguir uma atenção seletiva. Esta alteração não melhorou, inclusive seis semanas após a retirada da droga; não obstante, na fase aguda de intoxicação os sinais de potencial evocado eram normais, coisa que, por si só, sugere uma alteração no rendimento neurocognitivo.
Uma revisão de estudos posterior, conclui que as alterações cognitivas por cannabis podem ser produzidas após um uso muito prolongado, quem sabe, superior a 15 anos. No caso da afetação principal observada ser a capacidade de fixação de conceitos, provavelmente devido a uma menor capacidade para filtrar a informação tangencial. Por outro lado, se sugere que  alguns déficits cognitivos podem ser detectáveis ao menos sete dias depois de cessado o consumo amplo e elevado de cannabis, porém, estes parecem ser reversíveis e ligados a exposição recente, mas irreversíveis e relacionados com o uso acumulativo durante períodos longos na vida do consumidor.
Com respeito ás mudanças estruturais, existem alguns estudos que detectam escassa ou nenhuma alteração global no volume e  composição do tecido cerebral por consumo frequente, e outros, que referem certas anormalidades estruturais em áreas cerebrais como o hipocampo e a amígdala (diminuição) devido aos efeitos neurotóxicos do THC. Este último dado se tem observado em relação com o consumo elevado e prolongado de cannabis e se associa como um pior rendimento em tarefas mnésicas. A neurotoxidade produzida pelo THC pode estar aumentada quando o consumo da droga inicia-se em idade jovens (precoce), dentro do período de amadurecimento neuronal. Concretamente se constatam anomalias nas conexões entre as áreas cerebrais frontais, parietais e temporais( envolvidas com a atenção, a tomada de decisões e a linguagem.), que durante a adolescência tardia estão ainda se desenvolvendo.
Fazendo uma síntese da informação exposta, a afetação neuropsicológica pode surgir após um uso prolongado, provavelmente em usuário maior de 15 anos e que consuma quantidades elevadas de cannabis. O início mais cedo do consumo, em idades precoces, se associa a possibilidades maiores de danos no desenvolvimento cerebral e alterações cognitivas. Dados de neuroimagem assinalam alterações nos padrões de ativação de áreas corticais, subcorticais e cerebelares, associadas ao funcionamento anômalo dos receptores do SEC e às  numerosas interações entre os distintos neurotransmissores cerebrais. Detecta-se certa diminuição no volume do hipocampo e da amígdala. Tais mudanças cerebrais refletem um pior rendimento nos testes  neuropsicológicos de tarefas que demandam relação com a atenção e concentração, memória, funções como a inibição e a tomada de decisões, que requerem um controle executivo elevado.
O tema da irreversibilidade dos efeitos residuais da cannabis após a exposição prolongada carece de conclusões definitivas, motivo pelo qual se ressalta a necessidade de mais investigação sobre o grau de afetação e os mecanismos dessa alteração, assim como sobre o curso da recuperação neuronal durante a abstinência.
CONDUTA: SÍNDROME AMOTIVACIONAL
O THC é considerado uma substância principalmente depressora do sistema nervoso central, pelo que é esperado que o consumo crônico possa dar lugar a um estado apático que forma parte de uma quadro mais amplo denominado “Síndrome Amotivacional”. Em torno dessa síndrome se tem gerado muita discussão, já que para alguns investigadores se trata de uma tendência á passividade prévia ao inicio do consumo de cannabis e não de um resultado deste.  Outros pensam que não é uma síndrome bem definida e que somente se deveria falar em sintomas de deterioração da motivação produzidos pela intoxicação crônica, mais que de uma nova síndrome neuropsiquiátrica. As características clínicas de tal síndrome são de índole depressiva: apatia, desinteresse, incapacidade de desenvolver planos para o futuro, empobrecimento afetivo, indiferença predominante e tristeza, abandono do cuidado pessoal. Inibição, diminuição do impulso sexual, etc..Além da parte afetiva, se observa alteração psicomotora com diminuição dos reflexos, lentidão de movimentos e redução dos mesmos. Tudo isso pode chegar a afetar a vida ocupacional da pessoa, por produzir certo deterioramento das habilidades comunicativas e retraimento social. A diferença entre este estado e um quadro de depressão é a falta de introspecção, no sentido de que a pessoa com a síndrome não tem plena consciência de seu estado, enquanto na depressão os sintomas são egodistônicos. Normalmente, o estado amotivacional persiste durante algum tempo depois do abandono do consumo de cannabis.
 Vendo o conjunto de sintomas como o resultado do abuso de cannabis, a explicação mais conveniente seria a da hipofrontalidade. Se conhece que os circuitos frontosubcorticais estão envolvidos nas funções executivas, o comportamento social e a motivação. As disfunções uni ou bilaterais no circuito da CPF  e CCA podem provocar estados de apatia, falta de motivação e iniciativa e redução da criatividade e da espontaneidade. No caso do consumo crônico de cannabis, a substância afeta pro igual os dois hemisférios cerebrais, devido a sua distribuição com igualdade por todo o cérebro, conduzindo a estados de sintomatologia apática e amotivacional. Uma das estruturas subcorticais implicada na síndrome amotivacional parece ser o NAc. Situado debaixo do lóbulo frontal na região ventromedial, recebe sinais da CPF através do Globo Pálido. Os sinais aferentes do NAc usam a dopamina, e se conhece que uma droga pode incrementá-la e criar assim, adicção. As vias eferentes usam principalmente  o GABA. As disfunções neste circuito estão relacionadas com alterações da cognição e da motivação, que formam parte da sintomatologia de vários transtornos como o déficit de atenção, a esquizofrenia, a depressão e a apatia.  O maior volume de informação sobre a síndrome amotivacional provem do campo do estudo com animais. Jentsch e Taylor assinalam que o uso crônico de drogas pode conduzir a disfunções cognitivas frontocorticais que dão lugar a uma incapacidade  de inibição de respostas inapropriadas a estímulos. Isso em humanos corresponde a uma deterioração na tomada de decisões, desinibição de conduta e impulsividade ( por exemplo: em tarefas do tipo vou/não/vou) e lapsos atencionais, que se observam também no estado amotivacional por cannabis.
Fujiwara estabelece associações entre efeitos de cannabis e a disponibilidade neuronal em várias regiões cerebrais, após a administração aguda e crônica de THC em ratos: a imobilização cataléptica observada está ligada a uma redução dos neurônios catecolaminérgicos e serotoninérgicos no NAc e na amígdala, pelo que propõem que este poderia ser um possível modelo para a síndrome amotivacional ou a psicose provocada por cannabis em humanos; certas condutas agressivas se determinam pelas condições de alojamento sob o efeito de uma única  injeção de THC, e Fujiwara compara esta troca de conduta com a exacerbação e os flashbacks em humanos. Nesta linha de investigação se replicou o achado da imobilização cataléptica induzida por THC e a mediação da redução de neurotransmissão de 5 – HT no NAc  nesse fenômeno, o que apóia a implicação dessa estrutura na sintomatologia amotivacional. Portanto, os sintomas comportamentais observados nos consumidores de longa duração podem, em seu conjunto, constituir a chamada síndrome amotivacional. Parece que esta síndrome é um estado de deterioração que morfofuncionalmente (ressonância magnética, tomografia computadorizada por emissão de fóton único, exames neuropsicológicos...) se caracteriza por mudanças na substância branca, hipoperfusão no córtex frontal do cérebro e diminuição do funcionalismo do lobo frontal.
A implicação dos lobos frontais na sintomatologia amotivacional produzida pelo consumo crônico de cannabis fica confirmada por mais autores, assim como a do NAc e da amígdala.
CONCLUSÕES
O volume de investigação científica sobre as características e consequências do consumo crônico de cannabis vai esclarecendo cada vez mais o tema de sua periculosidade como droga de abuso. Apesar de certa falta de concordância entre os distintos resultados e conclusões científicas, se sugere uma associação significativa entre o uso frequente e prolongado com a aparição de transtornos adictivos, certos transtornos mentais e alterações de perfil neuropsicológico.  No que concerne aos transtornos de adictivos, se sugere que o consumo crônico e elevado pode provocar dependência e levar ao abuso com consequências observáveis e mensuráveis em várias esferas da vida do consumidor; a mais afetada delas seria a social, e em ocasiões também a mental.
Tomando como base as evidências clínicas e experimentais disponíveis, se tem atualizado a informação sobre os mecanismos de ação da droga e se tem modificado a definição de transtorno de dependência de cannabis no DSM-IV –TR, assinalando que no consumidor crônico se pode criar certo grau de dependência fisiológica e que esta pode conduzir a problemas relacionados com a substância ou inclusive com outras substâncias. A acumulação de evidências  com respeito a relação de causa-efeito entre cannabis e transtornos mentais respalda até certo ponto a atual classificação de transtornos induzidos por cannabis incluída no DSM-IV-TR. Revisões sistemáticas coincidem em sua conclusão acerca da influência prejudicial do THC no funcionamento e envio de sinais do SEC que, com respeito ao comportamento se pode expressar com sintomas psicóticos, maníacos, afetivos e de ansiedade. Quanto a relação entre cannabis e psicose, concretamente parece que a droga pode provocar transtornos desse tipo quando exista certa predisposição a eles. Além do mais, o consumo parece ser um fator de risco pra o agravamento dos sintomas e do prognóstico em indivíduos com psicose pre-existente, vendo-se incrementados os riscos pela cronicidade e o aumento da quantidade consumida. Também se mostra a vulnerabilidade do cérebro de adolescentes aos efeitos do THC, com aumento da possibilidade de apresentar sintomas psicóticos e de desenvolver esquizofrenia posteriormente na vida. A associação entre cannabis e ansiedade é menos clara. De modo geral a produção de sintomas de ansiedade – principalmente de crises de pânico – parece estar sujeita a fatores como a quantidade consumida. O efeito da droga é relaxante em doses baixas e ansiogêncio em doses altas. O início do consumo em idade jovens e o histórico de dependência se correlacionam positivamente com o aparecimento de sintomas de ansiedade mais tardiamente na vida do consumidor. Por outro lado, estudos epidemiológicos e experimentais apontam novos dados que associam a droga com o aparecimento ou agravação de sintomatologia depressiva em consumidores crônicos. Uma vez mais, o início do uso em idades cada vez mais jovens, mostra-se como um fator de risco importante. As funções cognitivas mais afetadas pelo efeito acumulativo do uso de cannabis parecem ser a atenção, aspectos de memória e algumas expressões da função executiva como a inibição, a tomada de decisões e o planejamento. Nesse caso, os padrões cognitivos disfuncionais correspondem a alterações na ativação de circuitos frontosubcorticais e do cerebelo – principalmente por redução de GABA – que já se associam com sintomatologia neuropsiquiátrica na ausência de uma adicção. Também se tem detectado mudanças estruturais: se confirma parcialmente o achado de atrofia  cerebral por uso de cannabis e se corrobora certa diminuição no voluma das estruturas concretas, como o hipocampo e a amígdala, possivelmente associada com o desenvolvimento de certos tipos de patologia psiquiátrica e neuropsicológica. Quanto à sintomatologia amotivacional, se trata de uma conseqüência do uso prolongado de cannabis, cuja índole é bastante discutida pelos cientistas.  Neurobiologicamente se explicaria por uma disfunção nos circuitos frontosubcorticais que incluem o NAc e a CCA, que dá lugar a estados apáticos com falta de motivação e iniciativa, redução da espontaneidade, mudanças de conduta social e diminuição de capacidade executiva, como planificação e tomada de decisões. Com referência aos fatores agravantes, a afetação cognitivo-comportamental é maior quanto maior for o tempo de exposição ao THC. Provavelmente seja necessário um período maior que 15 anos com um consumo de quantidades elevadas de cannabis. Também o início de uso em idades cada vez mais  cedo afeta mais o cérebro devido aos danos no desenvolvimento neuronal, com o que aumentam as possibilidades de aparição de sinais patológicos no futuro. Especula-se que os efeitos residuais cognitivos sejam reversíveis, embora as conclusões a respeito não sejam definitivas.
Como conclusão geral dessa revisão, apesar de certa incongruência de resultados que se detecta na bibliografia atual,  parece claro que, quanto mais fatores de risco confluam para a pessoa que consome cannabis, mais alta será a possibilidade de que venha a padecer de alguns dos transtornos associados a seu consumo. Surge, então, a necessidade de renovação das advertências sobre os possíveis efeitos prejudiciais da cannabis para a saúde mental. Nossa opinião, nesse sentido, é que seria um grande benefício   que os resultados da presente investigação pudessem estar disponíveis para a população em geral. Tal informação científica poderia ser usada para a atualização e elaboração de campanhas de prevenção primária, com objetivo de informar e sensibilizar toda a população, sobretudo os jovens, sobre os efeitos nocivos da cannabis. Também poderia servir no campo da prevenção secundária, orientando, por exemplo, para as estratégias de redução dos danos: reduzir o consumo poderia ser uma das poucas formas de alterar um resultado nocivo quando outros fatores – associados a idade de início e a cronicidade – não possam ser controlados ou modificados. Com respeito à reabilitação, a integração de achados neuropsicológicos e de neuroimagem indica que os processos motivacionais e o controle das capacidades executivas deveriam ser os objetivos chaves. Enquanto isso, a investigação continua sob as sugestões de vários autores para um melhor planejamento de estudos para obter-se dados mais sólidos e conclusivos sobre a relação da cannabis com certos transtornos no  humano. Também seria interessante dirigir a investigação para a definição e concretização dos transtornos associados a cannabis classificados na categoria não específica no DSM-IV-TR, com a finalidade de confirmar se alguns perfis, como a síndrome antimotivacional ou outras alterações neuropsicológicas, comportamentais ou de personalidade, poderiam incluir-se na classificação, tendo em vista que o impactos destes dados na vida de um consumidor crônico pode, em certas ocasiões, ser merecedor de atenção e de intervenção clínica.
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