segunda-feira, 10 de setembro de 2012

MODERNÍSSIMO APARELHO DE ESCANEAMENTO CEREBRAL LEVA NEUROCIENTISTAS A COLOCAR EM CHEQUE FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA E PSICANÁLISE.


Um trabalho publicado no site da BBC-mundial, na áreas de ciências, redigido por Tom Feilden, em 08 de setembro de 2012, relata o que ele considera a era dourada do avanço das descobertas em neurociências.
         Ele apresenta o novo aparelho para obtenção de imagens do departamento Nullfeild de Excelência Clínica em Obtenção de Imagens Cerebrais do Hospital John Radcliffe, em Oxford, Reino Unido, que custou a bagatela de 12 milhões de dólares.
         Essa super máquina de escaneamento cerebral,  que pesa cerca de 40 toneladas existe somente no Reino Unido. Seu componente central é uma imenso imã cilíndrico que para ser introduzido no local tiveram que retirar todo o teto.
         Sua supervisão está a cargo da Dra. Irene Tracey que afirma: “é muito mais poderoso que qualquer coisa que já tivemos, e os detalhes que se pode ver, bem como a resolução das imagens, são simplesmente fantásticos. Nos levou a um nível superior em termos de obtenção de imagens do cérebro.”
         O aparelho está sendo preparado para que os estudos com pacientes tenha início no outono inglês. Faltam apenas alguns ajustes que vem sendo feitos com ratos de laboratório, numa revisão de áreas cerebrais.
         O uso dessa aparelhagem não se reflete apenas na beleza das imagens que produz, podendo promover avanços no entendimento da genética, da bioquímica do cérebro, capacitando a possibilidade de entendimento de uma série de desordens neurológicas anteriormente incorrigíveis. Promete uma melhor compreensão de condições psicológicas como esquizofrenia e autismo.
         Conforme afirmações de Colin Blakemore, professor de neurociências da Universidade de Oxford, a investigação do cérebro está passando por um extraordinário desenvolvimento. “Uma era dourada de descobrimentos alimentados por uma combinação de conhecimento novo que chega da genética e das dramáticas melhorias da tecnologia de obtenção de imagens.”
 

         Submeter pacientes ao escaneamento cerebral tem sido um procedimento quase rotineiro, e como a ressonância magnética funcional permite aos investigadores ver o que está passando no cérebro, isso está transformando nossa compreensão sobre a base bioquímica da atividade neuronal.
         A pesquisadora Belinda Lewis utiliza a ressonância magnética funcional para estudar desordens bipolares no Centro Wolfson de Imagens Cerebrais na Universidade de Cambridge.
         Enquanto seus pacientes permanecem recostados dentro do escâner, vão sendo mostrados imagens que representam uma variedade de emoções humanas. Este estudo revela que o cérebro das pessoas que apresentam desordens cerebrais são estimulados de maneira excessiva por estas imagens e são menos capazes de processar ou interpretar a informação de forma precisa.  
         Este estudo pode mostra que a desordem bipolar é uma desordem mental de natureza biológica.
         Estes estudos podem colocar em cheque uma série de teorias que tem sustentado até hoje as ciências da psicologia e da psicanálise de Freud e Jung. Leonard Mlodinow falando sobre determinismo biológico que levou ao extremo em seu livro “How your Unconscious Mind Rules Your Behaviour” (Subliminar: como sua mente subconsciente determina seu comportamento), sugere que a invenção da ressonância magnética funcional finalmente elevou a psicologia ao status de ciência puramente empírica. “De repente, os cientistas podem ver como funciona o cérebro. Isto causou uma revolução em nossa compreensão da mente subconsciente.”
         De acordo com Mlodinow, o que revela esta nova compreensão da mente subconsciente, baseada em evidências, é que não há um significado oculto de valor emocional vinculado ao processamento subliminar que se leva a termo no cérebro.
         A pessoa não pensa conscientemente cada vez que respira ou quando as ondas de som atingem o tímpano. O cérebro simplesmente processa essa informação. Finalizando, somos simplesmente máquinas bioquímicas, embora complexas e maravilhosas. Freud é um puro conto, explica.

         O que descobrimos, afirma Mlodinow, é que a mente subconsciente não trabalha da maneira como pensaram Freud, Jung e outros no século XX. Eles não tinham acesso a essas novas tecnologias e de fato não eram realmente científicos porque extrapolavam e formavam idéias e teorias com base nos diálogos de seus pacientes. Porém o subconsciente não está escondido por razões emocionais ou de motivação, e não se pode revelar através da introspecção ou da terapia.
         Ainda segundo ele, é compreensível que os psicanalistas rechacem o que muitos consideram uma interpretação limitada e determinista do desenvolvimento em neurociências.
         Para a professora de psicologia da Universidade College London, Rachel Blass,  argumenta que é muito errado rejeitar os sentimentos ou as emoções das pessoas simplesmente porque não aparecem bem na ressonância magnética funcional. “Tudo o que fazemos deve ser o resultado de todas as influências sobre o estado de nosso cérebro no momento em que o fazemos.”
         Ainda para ela, é uma posição extremamente materialista, essa que assegura que a enfermidade mental se baseia em identificar um desequilíbrio químico no cérebro e desenvolver uma droga de solução rápida para corrigi-lo. Isso não ajuda o paciente a tratar os temas ou problemas que esteja enfrentado e aceitá-los em sua vida.
         Independentemente dos aspectos psicológicos do comportamento humano poderem descrever-se adequadamente em termos de atividade bioquímica no cérebro, parece claro que a neurociência irá jogar um papel cada vez mais importante em nossas vidas. Essa foi a conclusão do projeto Brain Waves (ondas cerebrais) da Royal Society.
         “Tudo o que fazemos deve ser resultado de todas as influências sobre o estado de nosso cérebro no momento em que o fazemos.”
         “Pode incluir o passado familiar, a genética, nossas circunstâncias sociais, quanto dinheiros podemos ganhar, as recordações de eventos particulares.”
         Quanto ao exame em si, Tom Feilden, que foi convidado para participar de um exame experimental, afirmou que o mais difícil foi ficar quieto no interior da máquina, sem coçar o nariz. Segundo ele, mesmo se sentindo confortável dentro de uma das máquinas mais poderosas para obtenção de imagens cerebrais do país, a única sensação que sentiu foi um pequeno aquecimento estranho na parte alta da cabeça. Nada mal, segundo ele, para uma experiência em que colocou o seu corpo a serviço da ciência, tal como Hooke ou Faraday.
         Somente o futuro e novos e mais aprofundados estudos, dirão quem está com a razão nessa área tão nobre que a cada dia se desvenda mais, o cérebro humano e suas emoções.

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