Um trabalho publicado no site da BBC-mundial,
na áreas de ciências, redigido por Tom Feilden, em 08 de setembro de 2012,
relata o que ele considera a era dourada do avanço das descobertas em
neurociências.
Ele apresenta o novo
aparelho para obtenção de imagens do departamento Nullfeild de Excelência
Clínica em Obtenção de Imagens Cerebrais do Hospital John Radcliffe, em Oxford,
Reino Unido, que custou a bagatela de 12 milhões de dólares.
Essa super máquina de
escaneamento cerebral, que pesa cerca de
40 toneladas existe somente no Reino Unido. Seu componente central é uma imenso
imã cilíndrico que para ser introduzido no local tiveram que retirar todo o
teto.
Sua supervisão está a
cargo da Dra. Irene Tracey que afirma: “é muito mais poderoso que qualquer
coisa que já tivemos, e os detalhes que se pode ver, bem como a resolução das
imagens, são simplesmente fantásticos. Nos levou a um nível superior em termos
de obtenção de imagens do cérebro.”
O aparelho está sendo
preparado para que os estudos com pacientes tenha início no outono inglês. Faltam
apenas alguns ajustes que vem sendo feitos com ratos de laboratório, numa
revisão de áreas cerebrais.
O uso dessa
aparelhagem não se reflete apenas na beleza das imagens que produz, podendo
promover avanços no entendimento da genética, da bioquímica do cérebro,
capacitando a possibilidade de entendimento de uma série de desordens
neurológicas anteriormente incorrigíveis. Promete uma melhor compreensão de
condições psicológicas como esquizofrenia e autismo.
Conforme afirmações
de Colin Blakemore, professor de neurociências da Universidade de Oxford, a
investigação do cérebro está passando por um extraordinário desenvolvimento. “Uma
era dourada de descobrimentos alimentados por uma combinação de conhecimento
novo que chega da genética e das dramáticas melhorias da tecnologia de obtenção
de imagens.”
Submeter pacientes ao
escaneamento cerebral tem sido um procedimento quase rotineiro, e como a
ressonância magnética funcional permite aos investigadores ver o que está
passando no cérebro, isso está transformando nossa compreensão sobre a base
bioquímica da atividade neuronal.
A pesquisadora Belinda
Lewis utiliza a ressonância magnética funcional para estudar desordens
bipolares no Centro Wolfson de Imagens Cerebrais na Universidade de Cambridge.
Enquanto seus
pacientes permanecem recostados dentro do escâner, vão sendo mostrados imagens
que representam uma variedade de emoções humanas. Este estudo revela que o
cérebro das pessoas que apresentam desordens cerebrais são estimulados de
maneira excessiva por estas imagens e são menos capazes de processar ou interpretar
a informação de forma precisa.
Este estudo pode
mostra que a desordem bipolar é uma desordem mental de natureza biológica.
Estes estudos podem
colocar em cheque uma série de teorias que tem sustentado até hoje as ciências
da psicologia e da psicanálise de Freud e Jung. Leonard Mlodinow falando sobre
determinismo biológico que levou ao extremo em seu livro “How your Unconscious
Mind Rules Your Behaviour” (Subliminar: como sua mente subconsciente determina
seu comportamento), sugere que a invenção da ressonância magnética funcional
finalmente elevou a psicologia ao status de ciência puramente empírica. “De
repente, os cientistas podem ver como funciona o cérebro. Isto causou uma
revolução em nossa compreensão da mente subconsciente.”
De acordo com
Mlodinow, o que revela esta nova compreensão da mente subconsciente, baseada em
evidências, é que não há um significado oculto de valor emocional vinculado ao
processamento subliminar que se leva a termo no cérebro.
A pessoa não pensa
conscientemente cada vez que respira ou quando as ondas de som atingem o
tímpano. O cérebro simplesmente processa essa informação. Finalizando, somos
simplesmente máquinas bioquímicas, embora complexas e maravilhosas. Freud é um
puro conto, explica.
O que descobrimos,
afirma Mlodinow, é que a mente subconsciente não trabalha da maneira como
pensaram Freud, Jung e outros no século XX. Eles não tinham acesso a essas
novas tecnologias e de fato não eram realmente científicos porque extrapolavam
e formavam idéias e teorias com base nos diálogos de seus pacientes. Porém o
subconsciente não está escondido por razões emocionais ou de motivação, e não
se pode revelar através da introspecção ou da terapia.
Ainda segundo ele, é compreensível
que os psicanalistas rechacem o que muitos consideram uma interpretação
limitada e determinista do desenvolvimento em neurociências.
Para a professora de
psicologia da Universidade College London, Rachel Blass, argumenta que é muito errado rejeitar os
sentimentos ou as emoções das pessoas simplesmente porque não aparecem bem na
ressonância magnética funcional. “Tudo o que fazemos deve ser o resultado de
todas as influências sobre o estado de nosso cérebro no momento em que o
fazemos.”
Ainda para ela, é uma
posição extremamente materialista, essa que assegura que a enfermidade mental
se baseia em identificar um desequilíbrio químico no cérebro e desenvolver uma
droga de solução rápida para corrigi-lo. Isso não ajuda o paciente a tratar os
temas ou problemas que esteja enfrentado e aceitá-los em sua vida.
Independentemente dos
aspectos psicológicos do comportamento humano poderem descrever-se
adequadamente em termos de atividade bioquímica no cérebro, parece claro que a
neurociência irá jogar um papel cada vez mais importante em nossas vidas. Essa
foi a conclusão do projeto Brain Waves
(ondas cerebrais) da Royal Society.
“Tudo o que fazemos
deve ser resultado de todas as influências sobre o estado de nosso cérebro no
momento em que o fazemos.”
“Pode incluir o
passado familiar, a genética, nossas circunstâncias sociais, quanto dinheiros
podemos ganhar, as recordações de eventos particulares.”
Quanto ao exame em
si, Tom Feilden, que foi convidado para participar de um exame experimental,
afirmou que o mais difícil foi ficar quieto no interior da máquina, sem coçar o
nariz. Segundo ele, mesmo se sentindo confortável dentro de uma das máquinas
mais poderosas para obtenção de imagens cerebrais do país, a única sensação que
sentiu foi um pequeno aquecimento estranho na parte alta da cabeça. Nada mal,
segundo ele, para uma experiência em que colocou o seu corpo a serviço da
ciência, tal como Hooke ou Faraday.
Somente o futuro e
novos e mais aprofundados estudos, dirão quem está com a razão nessa área tão
nobre que a cada dia se desvenda mais, o cérebro humano e suas emoções.
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