quinta-feira, 8 de setembro de 2011

CIENTISTAS ISOLAM UMA LIPOPROTEINA QUE PODE SER RESPONSÁVEL PELA HIDROCEFALIA EM BEBÊS.



Matéria publicada na revista Sience Now, em 07 de setembro de 2011, de autoria de Jeniffe Couzin-Frankel,  relata  estudo que demonstra que uma lipoproteína (molécula de gordura) presente no sangue pode ser a causadora de hidrocefalia em crianças nascidas prematuramente e com sangramento cerebral.
O estudo inicialmente foi realizado com camundongos e desenvolvido pelo neurocientista Scripps Jerold Chun  e sua colaboradora Yun Yung, que estudando o cérebro embrionário e como alguns lipídeos presente no sangue da mãe podem afetar o embrião em desenvolvimento. Ele e sua assistente desenvolveram uma maneira de injetar um desses lipídeos, lysophosphatidic ácido (LPA), nos ventrículos de cérebros de fetos de ratos. Quando injetaram esse lipídeo nos embriões dos ratos constataram surpreendentemente que os ratos injetados nasciam com hidrocefalia.
Pesquisadores anteriormente haviam injetado sangue no cérebro de animais para simular hemorragia e observado o aparecimento de hidrocefalia. Entretanto, não haviam isolado o componente molecular específico do sangue como causador. Para comprovar se realmente eram a LPA responsável pela hidrocefalia, Chun e colaboradores, repetiu as injeções no cérebro de camundongos apenas com células vermelhas do sangue. O resultado foi que somente hemácias não causaram hidrocefalia, mas quando injetaram o componente plasmático onde se encontra a LPA, a hidrocefalia surgiu. Também o experimento genético de remover o receptor específico para LPA no sangue, foi capaz de impedir o desenvolvimento de hidrocefalia.
Parece que as LPA têm uma função importante no cérebro em desenvolvimento e estão ligadas a receptores que agem sobre as células progenitoras neurais para a formação de neurônios e outros tipos de células cerebrais. Quando ocorre um excesso de LPAs, elas agem no cérebro em formação, gerando mudanças de estruturas e atuam inclusive sobre as células de revestimento dos ventrículos cerebrais responsáveis pelo controle do fluxo de fluidos, produzindo alteração.
Pesquisadores cerebrais envolvidos com hidrocefalia como James II McAllister, um neuroembriologista da Universidade de Utah School of Medicine, em Salt Lake City, estão entusiasmados com os resultados da pesquisa, já que pela primeira vez constata-se que existem substâncias no sangue que podem afetar as células cerebrais e causar hidrocefalia.
Por enquanto os trabalhos foram desenvolvidos apenas em camundongos, mas provavelmente deverá ocorrer algum estudo para humanos já que o receptor LPA também existe no cérebro de fetos humanos. "Isso é um bom presságio", diz Pat Levitt, um neurocientista da University of Southern California, em Los Angeles. "Uma descoberta como esta poderá  ser relacionada com a condição humana? ... Acho que em um caso como este, é justo dizer que sim."
Essa descoberta pode proporcionar novos caminhos para a terapia, mesmo que por enquanto não exista nenhum tipo de medicamento bloqueador do receptor LPA no mercado, o que futuramente poderá vir a ser desenvolvido.
Em teoria, um medicamento como esse poderá vir a ser utilizado em bebês prematuros, desde o nascimento, com o intuito de evitar a hidrocefalia devida a um sangramento cerebral que possa ocorrer. Poderá também ser utilizado em mulheres grávidas cujos fetos estejam em risco de hidrocefalia por causa de sangramento.
O grupo de Chun iniciou estudos do líquido cefalorraquidiano e outras amostras humanas para verificar a presença da LPA e qual seu papel nesses locais.
Fonte:
slrm.


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