UM BREVE ESTUDO MOSTRANDO A SOBRECARGA EMOCIONAL A QUE ESTÁ SUBMETIDO O AGENTE POLICIAL.
Análise de uma Entrevista com
Policial Realizada em uma
Cidade do Oeste Baiano
Escrito por: Katiane Dalila Brito Maciel, Nilza Antunes Chagas e Shimony Coelho | Publicado em: 18 de Janeiro de 2013
Escrito por: Katiane Dalila Brito Maciel, Nilza Antunes Chagas e Shimony Coelho | Publicado em: 18 de Janeiro de 2013
Resumo: O presente estudo busca
compreender a relação do trabalho com o homem e a natureza, compreende-se que o
trabalho é a forma que o ser homem reflete sua própria ação impulsionadora, a
qual regula e controla seu intercâmbio com a natureza. O objetivo foi
problematizar e compreender o impacto da atividade policial em sua vida
familiar como também na sua saúde. A metodologia utilizada foi qualitativa, ou
seja, não tem pretensão de numerar ou medir unidades ou categorias homogêneas.
Como instrumento, foi aplicada uma entrevista semi-estruturada na sala de Custódia
do Complexo Policial em uma cidade do Oeste baiano. Nos resultados foram
constatados que a dinâmica familiar do policial é afetada devido aos plantões
extras realizados no período da noite, durante suas folgas, restando-lhe pouco
tempo para usufruir do lazer com a família. Quanto à saúde desse profissional
foi possível verificar que o entrevistado apresenta estresse, tensão muscular,
insônia, apatia, cansaço excessivo, tristeza e sensação de incapacidade. Tais
fatores intensificam frente às funções em preenchimento de Boletim de
Ocorrência (BO). Cabe acrescentar que esta clientela é caracterizada de risco
para Síndrome de Burnout. Conclui-se que o trabalho policial acarreta
sofrimento psíquico que afeta as relações familiares e à sua saúde. Assim, é necessário
pensar políticas públicas preventivas, educativas, promotoras de saúde e
bem-estar voltadas para esses profissionais da Segurança Nacional.
Introdução
Segundo Marx (1980, p. 202) o trabalho é um processo de que participa o homem e a natureza, processo em que o ser homem com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. O trabalho, é portanto, necessário à vida humana, a partir dele os indivíduos se constroem e transformam realidades. Contudo, conforme a situação, o mesmo pode ser fator tanto desencadeante como agravante da saúde mental e física do trabalhador.
Introdução
Segundo Marx (1980, p. 202) o trabalho é um processo de que participa o homem e a natureza, processo em que o ser homem com sua própria ação, impulsiona, regula e controla seu intercâmbio material com a natureza. O trabalho, é portanto, necessário à vida humana, a partir dele os indivíduos se constroem e transformam realidades. Contudo, conforme a situação, o mesmo pode ser fator tanto desencadeante como agravante da saúde mental e física do trabalhador.
Partindo dessa perspectiva, o
presente estudo tem como objetivo problematizar as condições de trabalho de um
profissional da Polícia Civil, a partir de uma entrevista semi-estruturada a
qual o entrevistado foi submetido (vide apêndice), na tentativa de compreender
o impacto da atividade policial em sua vida social e familiar, bem como, em sua
saúde.
Para tanto, será feita uma
análise crítica dos dados coletados a partir de perspectivas teóricas sugeridas
por Marx, Codo e Seligman-Silva.
Metodologia
Foi aplicada uma entrevista semi-estruturada na sala de Custódia do Complexo Policial em uma cidade do Oeste baiano. Faz-se aqui necessário, salientar a preservação do anonimato do entrevistado, tendo em vista que sua identidade será mantida em sigilo.
Análise de Dados
A jornada de trabalho do
entrevistado é quinzenal, oito horas por dia. Segundo o mesmo, o trabalho
necessita de certo cuidado e atenção por estar em contato direto com os
presidiários, também exerce a função de realizar cadastro de familiares.
Segundo Seligman-Silva (1994) a carga de trabalho pode ser entendida como o
conjunto de esforços físicos, cognitivos e emocionais, desenvolvidos para
atender às exigências das tarefas. No caso de sobrecarga, ocorre quando um
esforço para se realizar uma atividade se torna exagerado ou sem medida,
resultando num desgaste e sofrimento que acaba comprometendo a saúde,
resultando em cansaço excessivo, insônia, irritabilidade e perda de senso de
humor.
Ao se tratar das relações de
amizade na instituição, o policial civil entrevistado afirma que “são boas”.
Considerando que para qualquer trabalho manter-se produtivo e em harmonia se
faz necessário uma boa interação entre a equipe, o entrevistado relata que tal
interação pode ser vista no rodízio feito entre a equipe plantonista: “o
sistema de rodízio possibilita o descanso, pois cada um pode dormir um pouco na
madrugada, na tentativa de minimizar o cansaço e o estresse adquiridos no
cotidiano”.
Na dinâmica que envolve qualquer trabalho podem ocorrer relações de ambivalência entre o sofrimento e o prazer. Pode-se afirmar que no dia-a-dia do policial, os serviços prestados estão intimamente ligados à violência, sofrimento, agressão, entre outras coisas. O entrevistado comenta saber do perigo e risco que corre todos os dias e quando foi perguntado sobre, quais são os maiores riscos da profissão o mesmo respondeu que “o risco de perder a vida continua sendo o maior de todos”.
De acordo com Codo (1999) os policiais estão entre as profissões de risco para o Burnout, uma síndrome em que o trabalhador perde o sentido de sua relação com o trabalho, passando a apresentar uma reação de tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto com outras pessoas no ambiente de trabalho, experimentando três fases que variam desde uma exaustão emocional, despersonalização até falta de envolvimento pessoal no trabalho. O entrevistado raramente apresenta tal quadro sintomático: estresse, tensão muscular, insônia, tontura, sensação de incompetência, apatia, tristeza e cansaço excessivo. Enfatizou que tais sintomas eram mais intensos quando desempenhava funções em preenchimentos de Boletim de Ocorrência (BO).
Para o Policial Civil sua profissão lhe exige bastante atenção e agilidade, sobretudo por lidar com infratores e estar exposto a situações que ameaçam sua vida. Quando questionado sobre a prioridade que o mesmo dava ao seu trabalho, comentou que este ficava em primeiro plano, já que era dele que retirava o seu sustento. O que reforça a hipótese que o mesmo ainda não se encontra num quadro de Burnout, tendo em vista que o mesmo coloca seu trabalho em primeiro plano caso estivesse com a síndrome, o mesmo perderia totalmente o interesse pelo trabalho, demonstrando não aquentar mais tal situação.
Na dinâmica que envolve qualquer trabalho podem ocorrer relações de ambivalência entre o sofrimento e o prazer. Pode-se afirmar que no dia-a-dia do policial, os serviços prestados estão intimamente ligados à violência, sofrimento, agressão, entre outras coisas. O entrevistado comenta saber do perigo e risco que corre todos os dias e quando foi perguntado sobre, quais são os maiores riscos da profissão o mesmo respondeu que “o risco de perder a vida continua sendo o maior de todos”.
De acordo com Codo (1999) os policiais estão entre as profissões de risco para o Burnout, uma síndrome em que o trabalhador perde o sentido de sua relação com o trabalho, passando a apresentar uma reação de tensão emocional crônica gerada a partir do contato direto com outras pessoas no ambiente de trabalho, experimentando três fases que variam desde uma exaustão emocional, despersonalização até falta de envolvimento pessoal no trabalho. O entrevistado raramente apresenta tal quadro sintomático: estresse, tensão muscular, insônia, tontura, sensação de incompetência, apatia, tristeza e cansaço excessivo. Enfatizou que tais sintomas eram mais intensos quando desempenhava funções em preenchimentos de Boletim de Ocorrência (BO).
Para o Policial Civil sua profissão lhe exige bastante atenção e agilidade, sobretudo por lidar com infratores e estar exposto a situações que ameaçam sua vida. Quando questionado sobre a prioridade que o mesmo dava ao seu trabalho, comentou que este ficava em primeiro plano, já que era dele que retirava o seu sustento. O que reforça a hipótese que o mesmo ainda não se encontra num quadro de Burnout, tendo em vista que o mesmo coloca seu trabalho em primeiro plano caso estivesse com a síndrome, o mesmo perderia totalmente o interesse pelo trabalho, demonstrando não aquentar mais tal situação.
A dinâmica familiar também é
afetada diretamente pela profissão exercida pelo policial, pelo fato de ter que
realizar plantões extras às noites, durante as folgas, restando-lhe pouco tempo
para usufruir do lazer com a família. Dentre as atividades realizadas nas
mínimas horas de lazer estão: ir ao Rio de Ondas a cada quinze (15) dias e
jogar futebol com os amigos.
Considerações Finais
Diante do exposto, percebe-se um considerável sofrimento psíquico que atividade policial acarreta para a vida do entrevistado, interferindo em sua saúde, relações familiares e sociais.
Apesar de o Policial Civil exercer uma carga horária de trabalho de quinze dias consecutivos e intensos (trabalha de 15 em 15 dias), vale ressaltar que tais atividades apesar de serem quinzenais e que geram desgastes físico e psíquico. Apesar de este trabalho ser cansativo, o resultado do questionário não evidenciou um quadro sintomático grave, mas sim um leve nível de estresse.
Considerando a importância da
atuação dos policiais para a segurança da sociedade, este estudo vislumbra a
necessidade de pensar políticas públicas voltadas para esses profissionais,
visando medidas preventivas, educativas e promotoras de saúde e bem-estar.
Aliás, conforme propõe Codo (1999) tais profissionais estão entre a clientela
de risco para a Síndrome de Burnout.
Referências:
CODO, W. Educação, Carinhoe Trabalho. Petrópolis: Vozes, 1999.
MARX, Karl. O Capital (Crítica de Economia Política) Livro 1, vol. 1 , Rio de Janeiro, CivilizaçãoBrasileira, 6ª. Edição, 1980.
SELIGMAN-SILVA, E. Desgaste Mental no Trabalho Dominado. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994.
Sindrome de Burnout
CODO, W. Educação, Carinhoe Trabalho. Petrópolis: Vozes, 1999.
MARX, Karl. O Capital (Crítica de Economia Política) Livro 1, vol. 1 , Rio de Janeiro, CivilizaçãoBrasileira, 6ª. Edição, 1980.
SELIGMAN-SILVA, E. Desgaste Mental no Trabalho Dominado. Rio de Janeiro: UFRJ, 1994.
Sindrome de Burnout
A síndrome de Burnout (do inglês to burn out, queimar por completo), também chamada de síndrome do esgotamento profissional, foi assim denominada pelo psicanalista nova-iorquino, Freudenberger, após constatá-la em si mesmo, no início dos anos 1970.
A dedicação exagerada à atividade
profissional é uma característica marcante de Burnout, mas não a única. O
desejo de ser o melhor e sempre demonstrar alto grau de desempenho é outra fase
importante da síndrome: o portador de Burnout mede a auto-estima pela
capacidade de realização e sucesso profissional. O que tem início com
satisfação e prazer, termina quando esse desempenho não é reconhecido. Nesse
estágio, necessidade de se afirmar, o desejo de realização profissional se
transforma em obstinação e compulsão.
São doze os estágios de Burnout:
-Necessidade de se afirmar
-Dedicação intensificada - com
predominância da necessidade de fazer tudo sozinho;
-Descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;
-Descaso com as necessidades pessoais - comer, dormir, sair com os amigos começam a perder o sentido;
-Recalque de conflitos - o
portador percebe que algo não vai bem, mas não enfrenta o problema. É quando
ocorrem as manifestações físicas;
-Reinterpretação dos valores -
isolamento, fuga dos conflitos. O que antes tinha valor sofre desvalorização:
lazer, casa, amigos, e a única medida -da auto-estima é o trabalho;
-Neg-ação de problemas - nessa fase os outros são completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;
-Neg-ação de problemas - nessa fase os outros são completamente desvalorizados e tidos como incapazes. Os contatos sociais são repelidos, cinismo e agressão são os sinais mais evidentes;
-Recolhimento;
-Mudanças evidentes de comportamento;
-Mudanças evidentes de comportamento;
-Despersonalização;
-Vazio interior;
-Vazio interior;
-Depressão - marcas de indiferença, desesperança, exaustão. A vida perde o sentido;
-E, finalmente, a síndrome do esgotamento profissional propriamente dita, que corresponde ao colapso físico e mental. Esse estágio é considerado de emergência e a ajuda médica e psicológica uma urgência.
Os sintomas são variados
Fortes dores de cabeça, tonturas, tremores, muita falta de ar, oscilações de humor, distúrbios do sono, dificuldade de concentração, problemas digestivos. Segundo Dr. Jürgen Staedt, diretor da clínica de psiquiatria e psicoterapia do complexo hospitalar Vivantes, em Berlim, parte dos pacientes que o procuram com depressão são diagnosticados com a síndrome do esgotamento profissional. O professor de psicologia do comportamento Manfred Schedlowski, do Instituto Superior de Tecnologia de Zurique (ETH), registra o crescimento de ocorrência de "Burnout" em ambientes profissionais, apesar da dificuldade de diferenciar a síndrome de outros males, pois ela se manifesta de forma muito variada: "Uma pessoa apresenta dores estomacais crônicas, outra reage com sinais depressivos; a terceira desenvolve um transtorno de ansiedade de forma explícita", e acrescenta que já foram descritos mais de 130 sintomas do esgotamento profissional.
Burnout é geralmente desenvolvida
como resultado de um período de esforço excessivo no trabalho com intervalos
muito pequenos para recuperação. Pesquisadores parecem discordar sobre a
natureza desta síndrome. Enquanto diversos estudiosos defendem que burnout
refere-se exclusivamente a uma síndrome relacionada à exaustão e ausência de
personalização no trabalho, outros percebem-na como um caso especial da
depressão clínica mais geral ou apenas uma forma de fadiga extrema (portanto
omitindo o componente de despersonalização).
Trabalhadores da área de saúde
são frequentemente propensos ao burnout. Cordes e Doherty (1993), em seu estudo
sobre esses profissionais, encontraram que aqueles que tem frequentes
interações intensas ou emocionalmente carregadas com outros estão mais suscetíveis.
Os estudantes são também
propensos ao burnout nos anos finais da escolarização básica (ensino médio) e
no ensino superior; curiosamente, este não é um tipo de burnout relacionado com
o trabalho, mas com o estudo intenso continuado com privação do lazer, de
actividades lúdicas, ou de outro equivalente de fruição hedónica. Talvez isto
seja melhor compreendido como uma forma de depressão. Os trabalhos com altos
níveis de stress ou consumição, podem ser mais propensos a causar burnout do
que trabalhos em níveis normais de stress ou esforço. Policiais,
Taxistas, bancários, controladores de tráfego aéreo, engenheiros, músicos,
professores e artistas parecem ter mais tendência ao burnout do que outros
profissionais. Os médicos parecem ter a proporção mais elevada de casos de
burnout (de acordo com um estudo recente no Psychological Reports, nada menos
que 40% dos médicos apresentavam altos níveis de burnout)
A chamada Síndrome de Burnout é definida por alguns autores como uma das consequências mais marcantes do estresse ou desgaste profissional, e se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, O termo Burnout é uma composição de burn=queima e out=exterior, sugerindo assim que a pessoa com depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional). Esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço.
A chamada Síndrome de Burnout é definida por alguns autores como uma das consequências mais marcantes do estresse ou desgaste profissional, e se caracteriza por exaustão emocional, avaliação negativa de si mesmo, O termo Burnout é uma composição de burn=queima e out=exterior, sugerindo assim que a pessoa com depressão e insensibilidade com relação a quase tudo e todos (até como defesa emocional). Esse tipo de estresse consome-se física e emocionalmente, passando a apresentar um comportamento agressivo e irritadiço.
Essa síndrome se refere a um tipo de estresse ocupacional e institucional com predileção para profissionais que mantêm uma relação constante e direta com outras pessoas, principalmente quando esta atividade é considerada de ajuda (médicos, enfermeiros, professores, policiais). Bancários também podem estar sofrendo dessa síndrome, pois lidam com outras pessoas e sofrem com os problemas financeiros dos seus clientes por diversas vezes. Totalmente adversos dos banqueiros, os bancários são trabalhadores que vivem a angústia do cliente e não conseguem ter a visão de que eles são apenas consumidores.
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