domingo, 12 de dezembro de 2010

CRIANÇAS TEM PROBRLEMAS DA ARTIULAÇÃO TEMPOROMANDIBULAR?

DISFUNÇÃO TÊMPORO MANDIBULAR EM CRIANÇAS.
         Durante muito tempo a disfunção têmporo mandibular foi considerada como uma alteração funcional alheia a manifestação em crianças. Recentemente, entretanto, os odontopediatras têm encontrado sinais e sintomas dessa disfunção em crianças.
         Esse é o resultado de um trabalho publicado pela IntraMed, de autoria dos doutores Alma Serrano, Carlos Fregoso, Francisco Jiménez y Fabián Ocampo; Docentes de la Universidad Autónoma,
Revista Mexicana de Odontología Clínica.
Desenvolvimento
Introdução
Em 1982, cunhou-se o termo desordens temporomandibulares (DTM) para definir várias anormalidades, associadas ao sistema mastigatório que afetam a articulação temporomandibular e sua relação com os dentes, músculos e ossos de suporte. Embora as crianças e os adolescentes sejam suscetíveis a várias doenças que são incluídas na classificação de disfunção temporomandibular, a incidência é desconhecida nesta população.
Por muitos anos considerou-se que a disfunção da articulação temporomandibular é uma situação nova para a criança, no entanto, odontopediatras têm encontrado sinais e sintomas de disfunção constantemente. Por outro lado, devemos reconhecer que pouco se sabe sobre ATM, talvez por essas circunstâncias, a investigação sobre este tema em crianças tem sido muito limitado. Ignoramos qual é a sua frequência e em que grau a disfunção ocorre em nossos pacientes jovens e, portanto, não podemos fornecer soluções concretas para os casos antes de nós. A intenção desta pesquisa é reconhecer a importância desse fenômeno e identificar a sua freqüência na população infantil de Baja California. Um dos resultados esperados desta pesquisa é gerar interesse pelo odontopediatra para entrar nesta zona árida, mas interessante da odontologia que é nova para nós, exigirá muito estudo, principalmente para o diagnóstico e o manejo clínico dos casos .
O diagnóstico deste complexo multifatorial é difícil, mas indispensável para o bom andamento do caso, devemos começar por reconhecer os vários tipos de problemas que possam existir na ATM e as diversas etiologias que causam essas doenças. O diagnóstico é obtido através de uma análise cuidadosa das informações provenientes da história e os métodos de exame do paciente. Essa informação deve permitir a identificação de uma doença específica, por isso é muito importante fazer um exame cuidadoso da ATM para nos ajudar a identificar quaisquer sinais ou sintomas que o paciente apresenta. Este exame clínico deve incluir a palpação dos músculos mastigatórios e articulação temporomandibular. É essencial observar os movimentos da mandíbula abrindo e fechando e medir a abertura máxima da boca, e investigar qualquer tipo de dor que se relaciona com a realização do exame clínico e ao ouvir a ATM. Finalmente, devemos aprender a identificar e interpretar os diferentes sons da articulação.
Materiais e métodos
O objetivo desta pesquisa foi identificar sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em crianças. Para este estudo, um estudo observacional, prospectivo e transversal foram selecionados aleatoriamente 50 casos de três a seis anos de idade entre as crianças que freqüentaram a clínica, a especialidade de Odontopediatria da Universidade Autônoma da Baixa Califórnia.
Elaborou-se uma história clínica completa de cada um dos 50 casos e posteriormente realizou-se: a) uma revisão meticulosa de cada um dos 50 pacientes, por meio de ausculta, observação e palpação da ATM e dos músculos de mastigação a abertura e o fechamento mandibular e b) sinais como limitação da abertura bucal, desvios na abertura ou fechamento da mandíbula, ruídos na articulação.
O exame da articulação se iniciou com a palpação dos músculos mastigadores e áreas da ATM. Se explorou o paciente com a boca fechada, em repouso e nas diversas posições de abertura e fechamento bucal, investigando-se se havia presença ou ausência de dor. Posteriormente procurou-se detectar ruídos articulares através da ausculta com um estetoscópio colocado ao nível dos côndilos da mandíbula; se instruiu o paciente para executar os diversos movimentos de abertura e fechamento ao mesmo tempo em que com a ajuda de um fio dental sobre a linha média facial, buscou-se encontrar os possíveis desvios da linha média da mandíbula nos movimentos de abertura e fechamento bucal. Finalmente mediu-se a máxima abertura bucal do paciente  solicitando-lhe que abrisse a boca lentamente no limite máximo suportável; medindo-se com um calibrador. A medição foi conduzida levando-se em conta a distancia entre as bordas incisais superiores e as bordas incisais inferiores. As medidas obtidas foram comparadas com as medidas consideradas normais de acordo com a idade de cada paciente, determinando-se assim se o paciente apresentava algum sinal de limitação da abertura bucal.
Resultados.
No total 50 crianças foram analisadas das quais 56% eram meninas e 46% meninos. (gráfico 1). A distribuição do total de pacientes estudados por idade foi: 16 (32%) com três anos de idade, 14 (28%) com quatro anos, 12 (24%) com cinco anos e 8 (16%) com seis anos de idade. (gráfico 2).

Gráfico 1 . Total de casos – distribuição por gênero.

Gráfico 2. Distribuição por idade do total de casos revisados.
Das 50 crianças revisadas, 35 (70%) não apresentaram nenhum sinal ou sintoma de disfunção temporomandibular, enquanto que 15 (30%) delas mostram uma ou mais sinais ou sintomas de disfunção.
Identificaram-se 23 sinais e sintomas de disfunção temporomandibular, com uma maior prevalência de sinais e sintomas nos pacientes do gênero masculino, com um percentual de 68%, enquanto que no gênero feminino o percentual foi de 32% - aproximadamente de dois meninos para cada menina. (Gráfico 4) .

Gráficas 3. Trinta por cento dos casos estudados apresentou um ou mais sinais ou sintomas.

Gráfica 4. Distribuição dos sinais e sintomas por gênero.
Dois meninos para uma menina.
A distribuição dos sinais e sintomas da ATM de 15 pacientes foi:
• Sete casos tiveram ruídos articulares (cinco de três anos, um quatro e um cinco anos).
• Sete casos apresentaram desvio da mandíbula para abrir a boca (três de três anos, dois de quatro, um de cinco e um de seis anos)
• Quatro casos apresentaram desvio da mandíbula para fechar a boca (2 de 3 anos, 1 de cinco anos  e 1 de três anos).
O sinal menos freqüente foi de limitação de abertura bucal que  apresentou-se  em somente um menino de cinco anos de idade. O sintoma mais comumente relatado foi dor na abertura da boca, três pacientes apresentaram-no (1 de três anos, 1de cinco e 1de seis). Houve um caso de fechamento da boca dolorosa em um paciente de três anos. O percentual de sintomas de dor á palpação dos músculos mastigadores  e de dor á palpação da região temporomandibular foi de 0%, pois nenhum paciente referiu-se a esses sintomas. (Tabelas 1 e 2).
Tabla 1. Total de sinais por idade e gênero.

Tabla 2. Total de sintomas por idade e gênero.

Discussão.
Najlla Alamoudi, em seu estudo com uma amostra de 506 crianças, constatou que 16,53% apresentaram sinais e sintomas de disfunção temporomandibular, e também mencionou que o resultado foi mais prevalente em meninas do que nos meninos. No presente estudo, a incidência de sinais e sintomas de disfunção temporomandibular em termos de gênero foi maior nos meninos que nas meninas e a porcentagem total dos sinais e sintomas identificados em uma amostra de 50 crianças foi de 30%, embora os resultados da ambos as investigações tenham uma diferença significativa quanto a porcentagem e sexo, é importante ressaltar que a amostra do presente estudo é muito menor do que a de Najlla Alamoudi.
Najlla realizou outro estudo em crianças sobre a relação entre sinais e sintomas da disfunção temporomandibular e as características oclusais e encontrou que existe uma significativa correlação entre distintos transtornos oclusais e disfunção temporomandibular.
A presente investigação não tomou como variável o transtorno oclusal, mas sem dúvidas, detectou uma relação semelhante ao estudo de Najlla, pois dos 50 casos analisados no estudo, 46 deles apresentaram algum transtorno oclusal, seja por extensas cáries oclusais ou proximais, restaurações com contatos prematuros, contatos prematuros por mal oclusão e perdas de elementos dentários.
Em 2001 Najlla Alamoudi realizou um estudo sobre a correlação entre parafunção oral, disfunção temporomandibular e estado emocional da criança. Relatou que as crianças que apresentavam sinais e sintomas de disfunção temporomandibular encontravam-se com seu estado emocional comprometido. Esse dado é muito importante se recordarmos que a maioria dos pacientes pediátricos desenvolve algum grau de ansiedade especialmente durante as primeiras consultas. Talvez o clínico deva considerar executar um estudo da articulação quando a criança estiver mais tranqüila.
Conclusões.
Todo odontólogo que atenda crianças deve incluir um exame da ATM. A história clinica do paciente deve considerar os antecedentes médicos que permitam descartar a possibilidade de transtorno hereditário ou adquirido, com ênfase nos traumas, já que são mais ou menos freqüentes em crianças.
Como acontece com os transtornos musculares, nem todas as alterações funcionais da ATM são iguais, portanto, será necessário executar um exame meticuloso e uma avaliação conscienciosa de todos os sintomas e sinais para o estabelecimento de um diagnóstico preciso que ajude a instituir uma intervenção exitosa.
A prevenção e a interceptação dessas alterações são indispensáveis, já que as seqüelas podem ser inclusive limitantes, afetando a qualidade de vida futura desses nossos pequenos pacientes.
No caso de traumatismo que altera a condição da articulação temporomandibular, ou outras afecções já estabelecidas, devemos procurar limitar a progressão do caso para que a criança possa alcançar níveis de adaptação e tolerância sem que se promova um transtorno maior.
Fonte: Publicação IntraMed – 30 de novembro de 2010 – Sistema mastigatótrio.
Bibliografía citada.
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5 Diccionario terminológico de ciencias médicas. Undécima Ed. México, D.F. Salvat Mexicana de Ediciones, 1981.
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7 Najlaa Alamoudi. Relación entre características oclusales y DTM en niños. J. of Clinical Pediatric Dentistry 2000, vol. 24, número 3, 24-30.
8 Najlaa Alamoudi. Correlación entre parafunción oral, DTM y estado emocional del niño. J. of Clinical Pediatric Dentistry 2001, vol. 26, número 1, 38-47.
9 Reidenbach F. Reporte especial: taller de la ADA en desórdenes de A.T.M., 1988; 1; (suppl 1).
10 Dawson PE. Evaluación, diagnóstico y tratamiento de problemas oclusales. St. Louis: CV Mosby Co; 1988.
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12 Ahilin JH, Ramos-Gómez F. Tratamiento de dolores de cabeza relacionados con la A.T.M. en niños. Headache 1984. Vol.24:216-221.
SLRM.

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